quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Testemunhos Missionários Porto Covo: Um casal em Missão 


O que dizer da nossa participação, como elementos da equipa missionária, numa “Missão Popular Vicentina”? Equipa Missionária A equipa era composta por um sacerdote Vicentino, Pe. Agostinho, uma religiosa do Bom Pastor, Ir. Conceição e nós, como casal, Marieta e António, da paróquia de S. Domingos - Santiago do Cacém.

 A “Missão” realizou-se em Porto Covo de 19 de Janeiro a 02 de Fevereiro. Uma nova experiência A Missão do Porto Covo decorreu, na nossa modesta opinião, muito bem. Foi a primeira vez que participámos numa equipa de missionários. Procuramos desempenhar o melhor possível, com alegria e com boa vontade, esta nova experiência. Deste modo, como igreja que somos, respondemos e tentamos viver este desafio.
Numa localidade, como Porto Covo, com pouca população e em tempo de inverno muito rigoroso, a nossa participação, como casal e como equipa, foi muito positiva. Verificámos nos participantes uma grande satisfação, bem nítida e sentida nos seus testemunhos.

 Assembleias Familiares 
Constituíram-se três Assembleias Familiares (Farol, Laços de Amor e Renascer), com uma média de doze pessoas cada. Começaram com alguma timidez mas, aos poucos, foram-se compondo e, finalmente, com um bom resultado. Sabíamos que havia na localidade um grupo de pessoas activas na igreja. Já tínhamos conhecimento dessa realidade. Foram essas pessoas que aglutinaram a sua vizinhança. Essas pessoas dispensaram o alojamento para a equipa missionária e providenciaram as refeições, (óptimas refeições) para toda a equipa nas suas próprias casas, no refeitório escolar ou em restaurantes, durante todos os dias da missão. Esse grupo de pessoas colaborou na organização e deu a cara, sem qualquer acanhamento, em todos os momentos da missão.
 Organização e acção O Pe. Agostinho teve um papel muito empenhado, com muita capacidade de organização e de acção. Era ele sempre o último a deitar-se e o primeiro a levantar-se, sempre agarrado ao computador, em casa, e a organizar e a partilhar o programa do dia.
Todos os dias foi feito o programa, mas dois funerais, que em Porto Covo são velados na igreja, fizeram com que tivéssemos de o alterar por duas vezes. Soube dar a volta à situação, tendo contribuído para que todas as partes, missão e familiares dos defuntos, acolhessem com satisfação o que foi proposto e, deste modo, também participassem na Missão.

 Aprofundar juntos a nossa fé, os nossos valores 
Para nós, foi importante participarmos como casal. Pudemos aprofundar juntos a nossa fé, os nossos valores. Tivemos de superar as nossas dificuldades individuais para ir ao encontro, do todo, quer da equipa quer da comunidade local. Ao vermos as pessoas felizes fomos contagiados pela sua alegria. Saímos da Missão mais enriquecidos, não só individualmente mas também como casal, como família alargada que vimos crescer nestes dias. Sentimo-nos mais Igreja.
(Marieta e António, casal em Missão)



 Experiência maravilhosa 

 No dia 16 de Novembro de 2013, fui convidada pelo Pe. Agostinho para fazer parte da equipa missionária em Porto Covo, que decorreu de 19 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 2014.
Primeiro hesitei, por me parecer que pouco ou nada podia fazer, dada a minha idade e limitações. Apesar disso decidi arriscar e aceitei. E não estou arrependida. Foi uma experiência maravilhosa, pela oportunidade que tive de conhecer outros irmãos na Fé! Pela primeira vez participei numa actividade destas. A minha Comunidade Religiosa, rezou por mim, e deixou-me partir em paz. Por isso, digo a todos: não tenham medo. Digam sim quando baterem à vossa porta. Temos de dar a nossa quota-parte, por pequena que seja. O reino de Deus constrói-se com coisas pequenas.

 Assumir e continuar a Missão 
Fiquei contente de ver, nesta Missão, a presença do Pároco, Pe. José Pereira. Quero agradecer ao Pe. Agostinho a sua generosidade e dizer-lhe o meu muito obrigado pela sua bondade e delicadeza. Também quero agradecer ao casal Marieta e António Vilhena todo o carinho e atenções que tiveram comigo. Às pessoas de Porto Covo que nos acolheram com tanta simpatia e carinho, que cuidaram do nosso alojamento e alimentação. Pelo sacrifício que isso representou para todos, muito obrigada. Povo de Deus em marcha, estamos em Sínodo Diocesano! Que no Senhor Jesus e Sua Mãe Maria Santíssima encontrem sempre a força de continuar o que assumiram nesta Missão Popular. Que tudo isso possa contribuir para que o Reino de Deus se estenda a todos. Seja Deus louvado em tudo e sempre. Amén! (Ir. Conceição Guimarães, Irmãs do Bom Pastor-Colos)


O Farol fez renascer e criar laços de Amor


De 19 de Janeiro a 2 de Fevereiro, na Paróquia de Nossa Senhora da Soledade de Porto Covo viveu um tempo forte de Missão. No domingo, dia 26 de Janeiro, na Eucaristia dominical, aconteceu a Comunidade das comunidades. Presidiu à celebração D. António Vitalino, bispo de Beja que, nessa manhã, em Sines presidiu à celebração evocativa do bicentenário do Bispo de Beja D. Frei Manuel do Cenáculo.
Depois de 4 noites a reunir em 3 casas de família, chegou o momento das comunidades darem testemunho do que viveram e como querem continuar a pós-Missão. Uma a uma, as comunidades fizeram a sua apresentação a partir do cartaz que construíram. Após o testemunho de cada uma delas, a assembleia aplaudia e cantava. Farol, Laços de Amor e Renascer é o nome de baptismo de cada uma delas. A mensagem expressa nas palavras de cada um dos animadores foi resumida numa simples mas significativa quadra:
“Na Missão, Cristo, o FAROL / Passou no mar de Porto Covo: / Criou LAÇOS DE AMOR, / E fez RENASCER o povo”.


Animar e formar para a Missão

A partir do que viu e ouviu e da liturgia da Palavra que foi proclamada, o Bispo diocesano, transmitiu a alegria de poder testemunhar esta vivência de comunidade e de missão. Servindo-se do lema da Semana de Oração pela unidade dos Cristãos (Estará Cristo dividido?), apontou Cristo como o único farol a seguir, de modo a que sejam criados laços de amor. Tal modo de ser e agir, exige conversão, renascer de novo. “Sem identificação do que fazemos com o que somos, sem ardor apostólico, compromisso pelos outros, sobretudo os que mais precisam, sem fascínio e alegria pessoal e comunitária, não seremos testemunhas do Evangelho de Jesus Cristo”.
Apontando a figura, palavras e exemplo do Papa Francisco, D. António disse: “O Papa, exorta-nos a sermos uma Igreja em saída missionária, que vai às periferias urbanas e existenciais, ao encontro das pessoas, sobretudo dos pobres, dos doentes, dos jovens e dos idosos. Mas com que atitude, com que linguagem e objectivos saímos ao encontro das pessoas? Como evangelizar hoje? Como e onde começar? A evangelização tem de começar por nós mesmos, pelos que são chamados a ser discípulos missionários. A conversão, a adesão total a Jesus Cristo, a aprendizagem dos seus gestos, atitudes, modo de falar e agir, é fundamental para a missão da Igreja. Por isso temos que fixar o nosso olhar no rosto de Jesus, ouvir e meditar a sua Palavra, sermos seus bons discípulos. Não basta saber de cor o que Jesus disse e fez. Precisamos de assumir as suas atitudes. Ter um coração sensível e compassivo, para escutar bem as alegrias, dúvidas, angústias e tristezas dos nossos contemporâneos, para respondermos às perguntas que nos fazem ou desejariam saber”. E acrescentou: “Na Igreja precisamos de reaprender a escutar, comunicar, dialogar, partilhar, perdoar, reconciliar pessoas e ambientes, construir e reconstruir. Abrir a mente e o coração, para acolher e criar proximidade com Jesus, na sua mensagem e na pessoa dos que sofrem, dar-nos-á novamente a alegria de viver e agir na Igreja e no mundo”.


Encontro de Formação e encontros celebrativos
Em tempo de Missão já se tornou uma constante promover Encontros de Formação sobre diversos temas e destinados aos Animadores da Comunidade. Em Porto Covo, o Encontro foi orientado pelo Vigário Geral da diocese, o tema foi: “Iluminados pela Palavra” e foi participado por 3 dezenas de pessoas.
Ao longo da primeira semana foram possíveis encontros com doentes, com os utentes do Centro de Dia, com as crianças da escola e da catequese. Alguns desses momentos, repetiram-se na segunda semana.
Na igreja paroquial, ao longo das várias noites, com tempo agreste (chuva, vento e frio), viveram-se momentos celebrativos muito intensos e muito profundos. Valorizaram-se alguns sinais – Palavra – Luz – Água – Fogo – Aliança. Estes sinais e a sua encenação, emprestaram beleza à celebração e ajudaram a transmitir e a compreender a mensagem. 
A oração de louvor, rezada todos os dias, congregava cerca de uma vintena de pessoas que, procuraram saborear ao máximo estes momentos, uma vez que, por norma, a igreja (“a fonte da aldeia”, no dizer de João XXIII) se encontra fechada.
Além destes momentos também se procurou valorizar a presença da Imagem da Senhora das Missões. No sábado, dia 25, a Procissão de Velas percorreu as ruas principais da povoação e foi animada pela Banda de Música do Cercal que fez questão de, em todas as execuções, apresentar cânticos marianos. Foram belos momentos de arte musical que convidaram à oração. Momento belo e único foi o silêncio que se fez escutar, enquanto a imagem da Senhora se aproximava do mar.


Momentos de dor tornaram-se tempo de missão
Por agora, Porto Covo não tem capela mortuária. Sempre que morre alguém, o velório é na igreja. A Junta de freguesia está decidida a alterar esta situação e já decidiu construir uma capela mortuária. O projecto está feito e as obras começaram recentemente.
Durante a missão houve dois funerais, ambos na segunda semana. Duas irmãs, partiram para a Casa do Pai. Com diálogo, serenidade e agilidade, estas duas situações tornaram-se tempo de missão. Numa delas, envolvendo a família da defunta, fez-se a celebração que estava programada. Foi um momento de paz, de oração e reflexão. Houve muito mais participantes. Todos se sentiram irmanados na dor e mais fortes no amor, porque iluminados pela mesma fé.
A segunda situação, porque aconteceu no dia da festa da família, exigiu que se fizesse a celebração num outro local. Transformar o lugar, dar a tónica do sagrado, empenhou as pessoas e serviu para ilustrar de uma forma visível o valor da casa de família, da igreja doméstica. Deus serviu-se destes sinais e momentos para continuar a falar ao seu povo.


Encerramento e continuidade
Em dia da Apresentação do Senhor fez-se o encerramento deste tempo forte da Missão. Além da mensagem recebida pela fidelidade de José e Maria ao plano de Deus, consagrando o Menino no Templo, foi realçada a profecia de Simeão: “Uma espada te trespassará o coração”. Sendo patrona da paróquia Nossa Senhora da Soledade, este dizer de Simeão ajudou a entender a Missão de Maria, desde o Sim da Anunciação ao Sim do Calvário.
No momento de acção de graças foi entregue o guião das catequeses que as 3 Comunidades vão reflectir a partir do dia 26 deste mês. No final da Eucaristia, no Refeitório da Junta houve um lanche ajantarado, partilhado por todos os que participaram nestes quinze dias de Missão. A alegria estava estampada no rosto das pessoas que fizeram uma avaliação muito positiva da missão. Além do compromisso da reunião das comunidades, foram apontados mais alguns que poderão ser assumidos e tornar visíveis os frutos da missão. 
O primeiro deles é já no próximo domingo, quando Porto Covo levar a imagem da Senhora das Missões a Ermidas-Sado / Alvalade que entram em revitalização da Missão.
Ser agradecido faz parte da Missão. Agradecer a Deus esteve sempre na mente da equipa e das pessoas que participaram de forma efectiva e afectiva. Agradecer às instituições (escola, junta, cantina, biblioteca, centro de dia, banda, bombeiros e GNR) é justo; agradecer, a quem nos acolheu (disponibilidade de casa e mesa, famílias e restaurantes), é muito importante. A todos, Deus recompense com Sua bênção de Pai!
A semente foi lançada. Cristo, o Farol, passou no mar de Porto Covo e chamou!...

P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja