quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Papa Francisco fala sobre a Eucaristia

Desde o dia 8 de Janeiro que o Papa Francisco dedica a catequese das audiências gerais aos sacramentos. Começou por se debruçar sobre o Batismo e a Confirmação. A audiência da primeira semana de Fevereiro foi dedicada à Eucaristia. É uma síntese admirável expressa em linguagem simples, com clareza e profundidade. Não resistimos à transcrição: 

«A Eucaristia situa-se no coração da «iniciação cristã», juntamente com o Batismo e a Confirmação, e constitui a fonte da própria vida da Igreja. Com efeito, é deste Sacramento do amor que brota todo e qualquer caminho autêntico de fé, de comunhão e de testemunho.
O que vemos quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia, a Missa, já nos permite intuir o que estamos prestes a viver. 
No centro do espaço destinado à celebração encontra-se o altar, que é uma mesa, coberta com uma toalha, e isso leva-nos a pensar num banquete. Sobre a mesa há uma cruz, a indicar que sobre esse altar se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual que ali se recebe, sob os sinais do pão e do vinho. Ao lado da mesa está o ambão, isto é, o lugar de onde se proclama a Palavra de Deus: e isto indica que as pessoas se reúnem ali para escutar o Senhor que fala mediante as Sagradas Escrituras e que, portanto, o alimento que se recebe é também a sua Palavra.

Palavra e Pão na Missa tornam-se tudo um, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que ele tinha realizado, se condensaram no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antecipação do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: “Tomai e comei, isto é o meu Corpo… Tomai e bebei, isto é o meu sangue”.

O gesto de Jesus realizado na Última Ceia é o agradecimento extremo ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. “Agradecimento” em grego diz-se “eucaristia”. E por isso o Sacramentochama-se Eucaristia: é o supremo agradecimento ao 
Pai, que nos amou a tal ponto que nos deu o seu Filho por amor. Eis porque o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é gesto de Deus e do homem ao mesmo tempo, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Portanto, a celebração eucarística é muito mais do que um simples banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de Jesus, 
o mistério central da salvação. «Memorial» não significa apenas uma recordação, uma mera recordação, mas quer dizer que de cada vez que nós celebramos este Sacramento participamos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia constitui o vértice da obra de salvação de Deus: com efeito, o Senhor Jesus, fazendo-se pão partido para nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos. É por isso que, habitualmente, quando nos abeiramos deste Sacramento, se diz que se «recebe a Comunhão», que se «faz a Comunhão»: isto quer dizer que na força do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística nos conforma de modo único e profundo a Cristo, fazendo-nos saborear de antemão já agora a plena comunhão com o Pai que caracterizará o banquete celeste, onde com todos os Santos teremos a alegria de contemplar a Deus face a face.

Caros amigos, nunca agradeceremos o suficiente ao Senhor pelo dom que nos fez com a Eucaristia! É um dom imenso! É por isso que é tão importante ir à Missa ao Domingo. Ir à Missa não só para rezar, mas para receber a Comunhão, este pão que é 
o Corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa, nos une ao Pai. É belo fazer isto! E vamos à Missa todos os domingos porque é precisamente o dia da ressurreição do Senhor. É por isso que o domingo é tão importante para nós! E com a Eucaristia, precisamente, sentimos esta pertença à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Cristo, a Jesus Cristo. Nunca compreenderemos até ao fim todo o seu valor e riqueza. Peçamos-Lhe, então, que este Sacramento possa continuar a manter viva na 
Igreja a Sua presença e a plasmar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o coração do Pai. E isto faz-se durante toda a vida, mas começa a fazer-se no dia da primeira Comunhão. É importante que as crianças se preparem bem para a primeira Comunhão e que todas as crianças a façam, porque é o primeiro passo desta pertença forte a Jesus Cristo, a seguir ao Batismo e à Crisma». 
(Papa Francisco, Alocução na Audiência Geral de 5 de fevereiro de 2014)(De S.D. L. – Voz Portucalense)