15 curiosidades sobre o Calendário Gregoriano: uma
mudança que, literalmente, marcou época
Em 1582, o papa Gregório XIII implantou o
calendário do jeito que o conhecemos hoje
Santa
Teresa de Jesus
faleceu a 4 de outubro de 1582, quinta-feira, e foi
sepultada no dia seguinte, 15 de Outubro de 1582, sexta-feira.
O CALENDÁRIO GREGORIANO
1 – Até o ano 46 antes de Cristo, vigorava em Roma um
calendário dividido em 355 dias, distribuídos em 12 meses. Essa estrutura do
ano civil sofria um sério desajuste ao longo do tempo: as estações do ano
passavam a ocorrer em datas diferentes, porque o calendário não correspondia ao
ano solar.2 – Em 46 a.C., Júlio César, o ditador da República
Romana, decidiu reformar o calendário para readequá-lo ao tempo natural. A
reforma juliana teve duas etapas: na primeira, estabeleceu-se que o ano de 46
a.C. teria 15 meses e um total de 455 dias para compensar a defasagem (aquele
ficou conhecido pelos romanos, e com toda a razão, como o “ano da confusão”). A
segunda etapa da reforma consistiu em adotar, a partir de 45 a.C., um ano
composto por 365 dias e 6 horas, divididos em 12 meses. Para compensar as 6
horas excedentes de cada ano, seria incluído um dia a mais em fevereiro a cada
4 anos.3 – A reforma juliana melhorou a situação, mas a
defasagem entre o ano do calendário e o ano natural permanecia, em consequência
do movimento de elipse que a Terra faz ao redor do Sol. No século XV, por
exemplo, o calendário juliano já estava atrasado cerca de uma semana em relação
ao Sol. O equinócio da primavera no Hemisfério Norte caía por volta de 12 de
março, em vez do dia 21.4 – Em 1545, o Concílio de Trento determinou a realização
de alterações no calendário da Igreja. Após décadas de estudos e cálculos
astronômicos, o papa Gregório XIII instituiria o novo calendário em 1582,
mediante a bula “Inter gravissimas”, a fim de adequar a data da Páscoa ao
equinócio da primavera no Hemisfério Norte. É em homenagem ao papa Gregório
XIII que o novo calendário foi chamado de gregoriano.5 – Este ajuste implicou a supressão de 10 dias do
mês de outubro daquele ano: do dia 4 de outubro de 1582, saltou-se para o dia
15 de outubro.6 – Além disso, os dias bissextos que caíssem nos
anos centenários (aqueles terminados em 00, como 1700, por exemplo) passariam a
ser ignorados, a menos que fossem divisíveis de modo exato por 400 (como 1600 e
2000). Essa regra suprimia três anos bissextos a cada quatro séculos, deixando
o calendário gregoriano suficientemente preciso e eliminando o atraso de três
dias a cada 400 anos, que ocorria no calendário juliano.7 – Apesar do ajuste nos anos bissextos, o ano do
calendário gregoriano ainda tem cerca de 26 segundos a mais que o período
orbital da Terra. Esta falha, no entanto, só acumula um dia a mais a cada 3.323
anos.8 – Países católicos como a Itália, a Espanha,
Portugal e a Polónia adotaram a mudança imediatamente, assim como a porção
católica dos Países Baixos. Na França, Henrique III decretou o ajuste no mesmo
ano, mas em dezembro.9 – Os países de maioria protestante, porém,
rejeitaram a alteração. As partes protestantes da Alemanha e dos Países Baixos
só adotaram o novo calendário em 1700. A Grã-Bretanha demorou mais ainda: até
1752. O astrónomo Johannes Kepler chegou a observar que esses países preferiram
“ficar em desacordo com o Sol a ficar de acordo com o papa”.10 – Os países ortodoxos adotaram o calendário
gregoriano somente no início do século XX. Na Rússia, por exemplo, a
recém-criada União Soviética implantou o novo calendário em 1918. É por isso
que a chamada “Revolução de Outubro”, de 1917, na verdade aconteceu em
novembro, segundo o calendário gregoriano.11 – Na Europa, os últimos países que adotaram o
calendário gregoriano foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926. Antes,
como parte do Império Otomano, seguia-se nessas regiões o calendário muçulmano,
que tem base lunar.12 – A adoção progressiva do calendário gregoriano
pelos diversos países, mesmo dentro do mundo cristão, provoca certa confusão na
datação dos eventos históricos ocorridos entre os séculos XVI e XX.13 – Por praticidade, o calendário gregoriano é
hoje adotado como convenção para demarcar o ano civil em praticamente todo o planeta.
Essa unificação, que facilita o relacionamento entre os países, se deve em
grande parte à exportação histórica dos padrões europeus para o resto do mundo.14 – Alguns povos, no entanto, conservam em
paralelo outros calendários para usos religiosos ou por questões de tradição. O
ano de 2015 no calendário gregoriano corresponde, por exemplo, ao ano de 2559
no calendário budista; a 5775–5776 no calendário hebraico; a 2071–2072 no
calendário hindu Vikram Samvat; a 1937–1938 no calendário hindu Shaka Samvat; a
5116–5117 no calendário hindu Kali Yuga; a 1393–1394 no calendário iraniano e a
1436–1437 no calendário islâmico.15 – Até hoje, as Igrejas ortodoxas do Oriente
utilizam o calendário juliano para determinar a data da Páscoa, que, por essa
razão, quase nunca corresponde à data da Páscoa católica.