sábado, 26 de janeiro de 2013

Actualição Interdiocesana do Clero 2013




Conclusões

O clero das Dioceses de Évora, Beja e Algarve, com os seus Bispos, reunido no Hotel da Ameira, Montemor-o-Novo, nas Jornadas de Actualização do Clero, promovidas pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, nos dias 21 a 24 de Janeiro de 2013, subordinadas ao Tema: Concílio Vaticano II: sinal dos tempos para os novos tempos, em ambiente de recolhimento e estudo, com a colaboração de vários especialistas, partilham as seguintes conclusões:

1. A celebração dos cinquenta anos do Concílio Vaticano II é uma oportunidade para afirmar a validade e a actualidade do Concílio. O caminho percorrido ao longo destes anos pós-conciliares mostrou uma Igreja mais atenta aos problemas do homem e leva-nos a reconhecer que a Igreja existe para dar a conhecer a mensagem e a pessoa de Jesus Cristo. Esta Igreja tem que continuar a ser missionária, proclamando e testemunhando a fé, a experiência da graça e da alegria que ninguém pode guardar para si, comprometendo-se com a tarefa da Nova Evangelização.

2. Os anos que antecederam o Concilio Vaticano II são caracterizados por um conjunto de iniciativas no campo da investigação teológica, de que se salientam a criação de novos centros de estudo e um conjunto notável de teólogos que viria a ser determinante nas orientações que o Concílio veio a tomar. Em Portugal, estes movimentos foram pouco significativos mas, nem por isso, a Igreja Portuguesa deixou de acompanhar os trabalhos destes peritos quer no campo do ensino quer da pastoral. A necessidade de reformas e a urgência de a Igreja acompanhar as transformações do mundo, faziam-se sentir um pouco por todo o lado.

3. Proclamar a actualidade do Concílio Vaticano II significa continuar atento aos sinais dos tempos para fazer uma adequada hermenêutica dos textos conciliares. De então para cá, houve mudanças no mundo e na Igreja, estendeu-se o fenómeno da secularização, assistimos a mutações sociais, politicas, culturais e científicas; a alterações demográficas e familiares. Os protagonistas do Concílio não podiam prever todos os problemas actuais e, de facto, a Igreja situa-se neste mundo de forma muito diferente de há cinquenta anos.

4. A redescoberta da Palavra de Deus como comunicação do próprio Deus no homem e do poder do Espírito na Palavra e na Liturgia, que realizam a obra de santificação, são fruto da aplicação do Concílio e muito têm contribuído para a renovação da Igreja. 

5. Reconhecemos que a Igreja, vista à luz da história da salvação, como uma realidade divina e humana, como povo de Deus que peregrina na história, sacramento universal de salvação, está aberta ao mundo. A transição de uma Igreja hierárquica, piramidal, para este tipo de Igreja, mais participada, não se deu sem alguns sobressaltos e, temos consciência que ainda há muito caminho a percorrer no campo da comunhão e da participação dos leigos.

6. O Concílio Vaticano II, autêntico Sinal dos Tempos para os nossos dias, fez do Diálogo com toda a humanidade, crentes e não-crentes, uma das suas opções e chaves de leitura, na medida em que “as alegrias e as tristezas, as esperanças e as angústias dos homens de hoje”, são também as da Igreja (GS 1). Esta opção continua hoje válida, apesar das dificuldades reais com que nos defrontamos. O Diálogo, e associado a ele, a Gratuidade, podem mesmo constituir um caminho na resposta ao sentimento actual de crise.

7. Os desafios colocados pelo Mundo actual exigem da Igreja respostas adequadas que passam pela Nova Evangelização, a qual, de facto, teve o seu início com o Vaticano II. Para o Concílio, no seu tempo e, para nós, hoje, os meios de comunicação social e em especial os que corporizam esta nova cultura digital no seio da qual vivemos, são, apesar da complexidade da sua relação com a Igreja, de uma riqueza inquestionável, e a Igreja “sentir-se-ia culpada diante de Deus” se os não utilizasse para a evangelização. Estes novos meios, se usados com sabedoria, “podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, de verdade e de unidade, que continua a ser a aspiração mais profunda do ser humano” (Bento XVI).