quarta-feira, 18 de março de 2015


O MUNDO SEM DEUS É DESUMANO

Podemos assinalar que um mundo sem Deus é desuma­no e que a liberdade religiosa é o direito mais violado em especial contra os cristãos. Assim o  desenvolveu o Cardeal Tauran na intervenção no Encontro de Assis de 24 de agosto passado, sobre o tema: «Sociedade Internacional e liber­dade de religião».
No século XX morreram 45 milhões de cristãos por causa da fé. Assassinados, discriminados, agredidos e por vezes vítimas de um terrorismo baseado em motivações "religiosas". E ulti­mamente igrejas e mesquitas são destruídas e isto até quando estão lá em oração.
No entanto, nos direitos humanos lemos:" a liberdade de es­tabelecer e manter lugares do culto, ensinar e fazer reuniões que se refiram a uma religião ou credo; a liberdade de escrever, impri­mir e difundir publicações sobre as religiões ou os credos; a proi­bição de qualquer constrangimento contra a pessoa que poderia atentar contra a sua Liberdade de ter ou adotar uma religião à  sua  escolha. «A liberdade de religião - explicou - levanta portanto o problema das religiões na sociedade. O homem é por natureza, religioso. Em todas as culturas vestígios de culto e de instru­mentos rudimentares, além da força da tradição oral. Pensar que a laicidade moderna possa prescindir da espiritualidade é uma pura aberração. Um mundo sem Deus é um mundo desumano. O facto religioso faz parte integrante do ser do género humano. No fundo, todas as religi6es ajudam a compreender como os outros homens reconheceram Deus através da criação».
O facto judaico-religioso não é um simples culto mas um even­to que constitui a história. Até 1945 os direitos do homem eram enfrentados no âmbito de cada pais. Nada de intromissões de outros estados. Foram as atrocidades da segunda guerra mundial que levaram a um compromisso pela defesa da dignidade e da li­berdade do homem. Passando a tutela a ser de âmbito internacio­nal. Em 1944 foi criada a OIT e depois a Organização das Nações Unidas de que emana, a 10 de dezembro de 1948, a Declaração dos Direitos do Homem. A expressão "liberdade de religião" já foi cunhada por Tertuliano no século III. O Cardeal Tauran sintetiza:
- O direito de ter a religião ou  o credo escolhidos, a não ter nenhum, a mudar de religião ou a renunciar a ela;
- A proibição de qualquer discriminação fundada na religião ou no credo;
- A Liberdade de manifestar a própria religião ou credo, in­dividual ou em comunidade, quer em público quer em privado;
- A Liberdade de exercer um culto, de cumprir os ritos e as práticas, e também de ensinar; a possibilidade de limitar as ma­nifestações da religião ou do credo, se estes limites são previstos pela lei e necessários para garantir a ordem publica;
- A proibição de qualquer recurso ao ódio religioso que constitui uma instigação à  dis­criminação, a hostilidade ou a violência;
- O direito de educar os próprios membros e reunir-se livremente.»
- A possibilidade dos pais educarem a prole segundo as próprias convicções.
Os poderes públicos, não podem impor nem impedir uma adesão religiosa, nem propagar a destruição do fenóme­no. Devem proc1amar a liberdade religiosa e garantir sua pratica efetiva. Poderão limitar a ptica da liberdade de religião, caso fossem lesados os direitos dos outros, ou ameaçadas à saúde e a moral publicas. Está em jogo a tutela do bem comum. O Estado deve respeitar uma neutralidade: nem indiferença, nem hostili­dade, nem identificação com uma religião, nem propaganda de uma ideologia antirreligiosa. As religi6es são um movimento do homem para Deus, enquanto no judaísmo e no cristianismo, é Deus que vem ao encontro do homem: e uma revelação.
As Igrejas trabalham em primeiro lugar pela religião, e em relação a isto o Estado pode ser indiferente. Mas elas trabalham também pela civilização, e isto não pode deixar de interessar ao Estado. Cidadãos mais conscientes, mais propensos a participar na vida social e cultural, mais cultos, mais preocupados pela gestão pública, são sem dúvida nenhuma um recurso. A humanidade deve colaborar com a instauração duma «ordem político-social e econó­mica que sirva cada vez mais e melhor o  homem, e ajude cada um dos homens e aos grupos a oferecer uma contribuição considerável e em particular a Igreja católica situa-se na vanguarda».
Precisamente os cristãos desempenham um papel na van­guarda, «porque cremos que o homem realiza a própria huma­nidade quando a recebe de Deus; quando está consciente da sua dignidade, na qual reconhece em si e nos outros a marca de Deus que nos cria à  sua imagem; que o  homem é grande na medida em que faz da sua vida uma resposta ao amor de Deus e ao serviço dos irmãos».
Somos Livres para libertar muitos dos nossos irmãos e irmãs en­cadeados por tantos ídolos. Vivemos num mundo que, certamen­te, é magnifico mas também cheio de zonas cinzentas; um mundo no qual o  homem explora os segredos do átomo e do espaço, mas muitas vezes está cego perante o sentido da aventura da sua vida.
Boa Nova de Março 2015 (Pe. Armando Soares in Na força de Deus)