sábado, 29 de março de 2014

Páscoa e Sacramento da Penitência e Reconciliação


“A confissão individual e íntegra e a absolvição sacramental constituem o único modo ordinário pelo qual o fiel, consciente de pecado grave, se reconcilia com Deus e com a Igreja; somente a impossibilidade física ou moral o escusa desta forma de confissão, podendo neste caso obter-se a reconciliação também por outros meios” (Celebração da Penitência [segundo as variantes introduzidas em 1983], 31; cf. Código de Direito Canónico, can. 960). 

Fora da situação de iminente perigo de morte, a absolvição simultânea de vários penitentes sem confissão individual prévia não pode dar-se de modo geral, não ser que (...) haja necessidade grave, isto é, quando para dado número de penitentes, não houver sacerdotes suficientes para, dentro de tempo razoável, ouvirem devidamente as confissões de cada um, de tal modo que os penitentes, sem culpa própria, fossem obrigados a permanecer durante muito tempo privados da graça sacramental e da sagrada comunhão; não se considera existir necessidade suficiente quando não possam estar presentes confessores bastantes somente por motivo de grande afluência de penitentes, como pode suceder nalguma grande festividade ou peregrinação. (Celebração da Penitência [segundo as variantes introduzidas em 1983], 31; cf. Código de Direito Canónico, can. 961 § 1). 

Ao Bispo compete, no âmbito da sua diocese, ajuizar se existem em concreto as condições que a lei canónica estabelece para o uso desta 3.ª forma, e dará tal juízo, onerando gravemente a sua consciência, com respeito pleno da lei e da prática da Igreja; e, além disso, tendo em conta critérios e orientações que hajam sido dados (...) de comum acordo, pelos demais membros da Conferência Episcopal” (Ex. Apost. pós-sinodal de João Paulo II, Reconciliatio et Paenitentia, n.º 33; cf. a redacção inteiramente revista em 1983 da Celebração da Penitência n.º 32, de acordo com o Código de Direito Canónico can. 961 § 2; note-se ainda que foi eliminada a alínea c) do n.º 40 da Celebração da Penitência).

“O uso excepcional da terceira forma de celebração do Sacramento da Penitência não deverá nunca levar a uma menor consideração e, ainda menos, ao abandono das formas ordinárias, ou então a considerar essa forma como uma alternativa das outras duas. Não é, efectivamente, deixado à liberdade dos Pastores e dos fiéis escolher, entre as mencionadas formas de celebração, aquela que retiverem mais oportuna” (Ex.Apost. pós-sinodal de João Paulo II, Reconciliatio et Paenitentia, 33).A celebração do sacramento da penitência pode tornar-se um momento único ou privilegiado de acolhimento e encontro do Senhor (cfr. Evangelii Gaudium, 44). E, de muitos modos, o actual Papa tem sublinhado. O acompanhamento espiritual deve conduzir cada vez mais para Deus, em quem podemos alcançar a verdadeira liberdade. 

Alguns crêem-se livres quando caminham à margem de Deus, sem se dar conta que se tornam órfãos, desamparados, sem um lar para onde possam sempre regressar. Em vez de peregrinos, transformam-se em errantes, sem chegar a lado nenhum, numa espécie de terapia fechada na sua imanência, em vez de ser peregrinação com Cristo para o Pai . (cfr. Evangelii gaudium, 170). (VozPortucalense)



                                      Ave-Maria


Se digo Ave-Maria, nesta palavra saúdo aquela Senhora que o é de toda a saúde 
                                  e sem cujo patrocínio ninguém alcançou a eterna. 
Se digo cheia de graça, me persuado que a graça foi a sua maior felicidade e que 
                                 todas as felicidades sem graça são a suma miséria
Se digo o Senhor é contigo, esta palavra me anima a estar sempre com Deus 
                                 por amor e obedncia, e jamais me apartar d'Ele
Se digo benta és tu entre as mulheres, esta palavra me traz à memória a maldição 
                                 de Eva e a de quantos por causa de suas filhas tem sido malditos
Se digo bento é·o fruto do teu ventre, Jesus, esta palavra me avisa, que assim como 
     aquele fruto bendito foi 0 Salvador, assim 0 de todas as minhas obras deve ser a salvação
Se digo Santa Maria Mae de Deus, esta palavra, fiado em sua benignidade, me prostr
                          a seus soberanos pés para perpétuo escravo de tal Senhora e filho de tal mãe. 
Se digo roga por nós pecadores, esta palavra me prega que 0 que sobre tudo devo procura
                                             com maior ânsia e com maior contrição, é o perdão dos pecados
E se digo agora e na hora da nossa morte, esta palavra acaba de me desenganar que não faça 
                          caso de quanto acaba com a vida, e que a minha vida seja tal como quisera ter 
                          vivido, na morte, e que esta pode ser nesta mesma hora. 
                                                                                                 (VIEIRA - 22º Serm. sobre 0 Rosário) 

segunda-feira, 10 de março de 2014



A Quaresma em família
1. Importa e é urgente preparar e alcançar que a oração, a catequese e a celebração cristã do domingo que têm lugar no âmbito da comunidade cristã e da paróquia, penetrem a família que deve tornar-se o que é: “a Igreja doméstica”. Na realidade, se assim não for, tudo quanto se fizer ao nível das nossas comunidades será isolado, pontual e desconexo, tanto para os jovens e adultos e, dificilmente, marcará ou animará a vida de cada dia. A família deve tornar-se o espaço da preparação da liturgia da comunidade e o eco da vida espiritual da Igreja. E os pais exercitam o seu ministério próprio educando os filhos para Deus. E isto não é pormenor. Não foi assim a vida espiritual de Jesus? O Filho de Deus viveu a parte maior do seu tempo na terra, em família!
2. Como preparação para a Páscoa temos a Quaresma, um caminho com Jesus. Neste percurso vão todos, os pais e filhos, adultos e jovens, velhos e crianças, Papa, bispos, padres, catequistas, etc... Por isso, no início da Quaresma (1º Domingo) invocamos também os que, trilhando este caminho, o do Evangelho, chegaram à meta: a Virgem Maria e os Santos. Estas invocações poder-se-ão repetir nas nossas casas, de modo a recordar-nos que também nós vamos a caminho e que aqueles que já terminaram, nos podem ajudar com a sua intercessão. Os filhos poderão convidar amigos ou colegas…
3. Para a Quaresma, a Igreja tem um programa próprio e original: “a oração, o jejum e a esmola”. 
Pela “oração”, somos convidados a abrir-nos mais a Deus, escutando a Sua Palavra e meditando-a; fazendo a experiência de uma grande intimidade com Deus que é nosso Pai e de quem somos filhos (privilegiando a oração pessoal, a sós, no silêncio do nosso quarto); experimentando que a nossa família é a família de Deus (mediante a oração comunitária, em alguma hora do dia).
Pelo “jejum”, buscamos e recuperamos a liberdade interior que nos torna sensíveise capazes de desejar os bens mais excelentes, os valores espirituais. O “jejum” pode ter várias expressões adequadas: para além de sentir fome (4ª feira de cinzas e sexta-feira santa) ou de moderar o comer às sextas-feiras (abstinência), poderá tomar tantas outras formas que possam permitir mais tempo de encontro e diálogo, na família e com Deus, (menos a televisão e rádio, falar menos para ouvir mais…), ou que favoreçam o exercício do autodomínio e liberdade interior (não fumar, não tomar bebidas alcoólicas, não desperdiçar, não comer uma guloseima…), etc., e, sobretudo, aceitar, de bom grado, os deveres de cada dia, nomeadamente, os familiares. Poderia haver em família uma obra comum que exprimisse este exercício do “jejum”. Sem esquecer o jejum que agra-da a Deus: não pecar!
Pela “esmola” se entende uma atitude de maior serviço e doação aos outros. Repartir os bens (nomeadamente os bens materiais) é uma atitude profundamente cristã. Mas esta atitude engloba, antes de mais, a justiça social (pagar o justo salário a quem trabalha) e a solidariedade (repartir o seu pão com os necessitados) e vai mais longe, levando aos outros uma palavra amiga, promovendo o diálogo e a concórdia, procurando a compreensão, oferecendo o perdão, manifestando uma disposição interior de serviço gratuito e disponível, etc... Também em família poderá haver uma obra comum que exprima uma atenção particular aos outros ou alguma obra de misériacórdia…
4. Em cada casa poder-se-ia assinalar a Quaresma com algum símbolo que lembre a todos o caminho para a Páscoa. Uma cruz especialmente entronizada, com uma luz; ou, então, a Bíblia ou os Evangelhos… num convite à reunião familiar para a oração.
5. Mas há outras iniciativas que poderão ser propostas pelos pais ou pelos filhos: oração antes e depois das refeições; o terço em família (ou só um mistério do terço, para os mais pequenos); a via-sacra (ou apenas uma estação cada dia); o exame de consciência em comum, preparando o sacramento da penitência ou alguma privação comum que reverta para alguma obra boa (social, cultural ou espiritual) ou para necessidade de alguém conhecido.
6. A Páscoa é a grande festa dos cristãos. Preparemo-nos para ela com alegria, oferecendo o melhor de nós mesmos. Ao prepararmos a Páscoa, estamos a preparar a Festa que não terá fim, a Páscoa eterna, com Deus e como todos os Santos.
(Voz Portucalense)

sábado, 8 de março de 2014



Estamos na Quaresma, preparando (e preparando-nos para) a celebração da Páscoa.
É o tempo favorável...


São três os caminhos

quaresmais apontados pela Igreja:

- A oração, que nos põe em dálogo com Deus.

- O Jejum,  que nos leva a um
gesto concreto de conversão:
   privar-se de algo para uma liberdade interior maior. 

- A Esmola, que nos leva a nos doar aos irmãos, no serviço fraterno, em gesto de solidariedade e de partilha.



terça-feira, 4 de março de 2014


Quaresma: Papa denuncia misérias 

que afetam humanidade

Francisco assina primeira mensagem para este tempo litúrgico, 
dedicada ao tema da pobreza
Cidade do Vaticano, 04 mar 2014 (Ecclesia) – O Papa dedicou a sua primeira mensagem da Quaresma ao tema da pobreza, apresentando a luta contra a miséria “material, moral e espiritual” como campo prioritário da ação da Igreja Católica, para curar as “chagas que deturpam o rosto da humanidade”.
“Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha”, refere o texto, divulgado pelo Vaticano, com o título ‘Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza’, inspirado numa passagem da segunda carta de São Paulo aos Coríntios.
O documento sublinha que a miséria “não coincide com a pobreza”, mas é “a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança”.
“Quantas pessoas se veem constrangidas a tal miséria por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde”, lamenta o Papa.
Francisco recorda todos os que vivem “numa condição indigna da pessoa”, privados de direitos fundamentais e bens de primeira necessidade como “o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural”.
“O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria”, acrescenta Francisco.
A mensagem observa que “não menos preocupante” é a miséria moral, apresentada como uma escravatura “do vício e do pecado”.
“Quantas famílias vivem na angústia, porque algum dos seus membros – frequentemente jovem – se deixou subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia”, alerta.
O Papa mostra-se próximo das pessoas que “perderam o sentido da vida” e “perderam a esperança”.
“Nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar”, apela.
Francisco liga a miséria moral à espiritual, que define como afastamento de Deus e recusa do seu amor, convidando a Igreja a enfrentá-la “corajosamente”, com “novas vias de evangelização e promoção humana”.
“O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual”, prossegue.
O Papa questiona os católicos sobre o sentido atual do “convite à pobreza, a uma vida pobre em sentido evangélico”, que não consiste numa opção pela “pobreza em si mesma”, mas num “modo” de amar o outro, à imagem de Jesus.
“Poder-se-ia dizer que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo”, sublinha.
Francisco fala na Igreja como “um povo de pobres” e diz que deve estar “pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa”.
A Quaresma, que se inicia esta quarta-feira, com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias, excetuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
“Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói”, escreve o Papa.
OC