quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014


Deus abraça-nos quando nos confessamos, 
              diz papa Francisco

O papa Francisco afirmou hoje, na audiência geral das quartas-feiras realizada na Praça de S. Pedro, no Vaticano, que o sacramento da Reconciliação (confissão) é «um abraço» de Deus a quem o recebe.

A Reconciliação, à semelhança da Unção dos Doentes, «é um sacramento de cura»: «Quando vou confessar-me, é para me curar: curar-me a alma, curar-me o coração por alguma coisa que fiz que não está bem», salientou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.

«Celebrar o sacramento da Reconciliação significa ser envolvido num abraço caloroso: é o abraço da infinita misericórdia do Pai», realçou.

Na intervenção, que prosseguiu as alocuções das últimas quartas-feiras dedicadas aos sacramentos, o papa recordou que a Reconciliação brota das palavras que Jesus, depois de ressuscitado, dirigiu aos apóstolos: «A paz esteja convosco. (…) Recebei o Espírito Santo. Àqueles a que perdoardes os pecados, serão perdoados».

Francisco acentuou a dimensão comunitária da Reconciliação, contrapondo os argumentos de quem defende que o perdão de Deus obtém-se numa relação direta, sem mediações.

O trecho bíblico citado pelo papa sublinha, «antes de tudo», que o perdão vem de fora: «O perdão dos nossos pecados não é algo que possamos darmo-nos; eu não posso dizer “eu perdoo-me os pecados”».

«O perdão pede-se, pede-se a um outro, e na Confissão pedimos o perdão a Jesus. O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas é um presente, é um dom do Espírito Santo», frisou.

Da passagem do evangelho segundo S. João surge outra conclusão: «Só se nos deixarmos reconciliar no Senhor Jesus com o Pai e com os irmãos podemos estar verdadeiramente na paz».

«Alguém pode dizer: “Eu confesso-me apenas a Deus”. Sim, podes dizer a Deus: “Perdoa-me”, e dizer os teus pecados. Mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja, e por isto é necessário pedir perdão à Igreja e aos irmãos, na pessoa do sacerdote», apontou.

A «vergonha» que se pode ter na confissão «é boa» e «saudável» porque torna as pessoas «mais humildes», e acaba por ser um sentimento que dá lugar à serenidade.

«Alguém que esteja na fila para se confessar sente todas estas coisas – também a vergonha – mas depois, quando termina a confissão, sai livre, grande, belo, perdoado, branco, feliz. E isto é o belo da Confissão», referiu.

A seguir, o papa lançou um desafio às milhares de pessoas presentes na audiência: «Cada um responda a si mesmo no seu coração: quando foi a última vez que te confessaste? Cada um pense. Dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos?».

«E se passou tanto tempo, não perder mais um dia: vai em frente, que o sacerdote será bom. E Jesus, Ele, é o melhor dos padres, e Jesus recebe-te. Recebe-te com muito amor. Sê corajoso e avança para a Confissão», convidou.

Francisco recordou a parábola do filho pródigo, em que o jovem abandonou os pais com a sua herança, e depois de gastar tudo decidiu voltar a casa, «não como filho, mas como servo».

«Tanta culpa tinha no seu coração, e tanta vergonha. E a surpresa aconteceu quando, ao começar a falar e a pedir perdão, o pai não o deixou falar: abraçou-o, beijou-o e fez festa. Eu digo-vos: de cada vez que nós nos confessamos, Deus abraça-nos», frisou o papa.

No final da audiência, Francisco lembrou os acontecimentos das últimas horas na Ucrânia: «É com preocupação que sigo o que tem vindo a acontecer em Kiev. Asseguro a minha proximidade ao povo ucraniano e rezo pelas vítimas das violências, pelos seus familiares e pelos feridos. Convido todas as partes a cessarem toda e qualquer ação violenta e a procurarem a concórdia e a paz no país».



Atendimento na igreja matriz de Sines


2.as, 4.as e  6.as feiras - das 10:30 às 13:00 horas;
                                        das 17:00 às 18:30 horas.
3.as e 5.as feiras - das 11:30 às 13:00 horas.

E sempre que o pároco esteja livre de outros afazeres.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Papa Francisco fala sobre a Eucaristia

Desde o dia 8 de Janeiro que o Papa Francisco dedica a catequese das audiências gerais aos sacramentos. Começou por se debruçar sobre o Batismo e a Confirmação. A audiência da primeira semana de Fevereiro foi dedicada à Eucaristia. É uma síntese admirável expressa em linguagem simples, com clareza e profundidade. Não resistimos à transcrição: 

«A Eucaristia situa-se no coração da «iniciação cristã», juntamente com o Batismo e a Confirmação, e constitui a fonte da própria vida da Igreja. Com efeito, é deste Sacramento do amor que brota todo e qualquer caminho autêntico de fé, de comunhão e de testemunho.
O que vemos quando nos reunimos para celebrar a Eucaristia, a Missa, já nos permite intuir o que estamos prestes a viver. 
No centro do espaço destinado à celebração encontra-se o altar, que é uma mesa, coberta com uma toalha, e isso leva-nos a pensar num banquete. Sobre a mesa há uma cruz, a indicar que sobre esse altar se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual que ali se recebe, sob os sinais do pão e do vinho. Ao lado da mesa está o ambão, isto é, o lugar de onde se proclama a Palavra de Deus: e isto indica que as pessoas se reúnem ali para escutar o Senhor que fala mediante as Sagradas Escrituras e que, portanto, o alimento que se recebe é também a sua Palavra.

Palavra e Pão na Missa tornam-se tudo um, como na Última Ceia, quando todas as palavras de Jesus, todos os sinais que ele tinha realizado, se condensaram no gesto de partir o pão e de oferecer o cálice, antecipação do sacrifício da cruz, e naquelas palavras: “Tomai e comei, isto é o meu Corpo… Tomai e bebei, isto é o meu sangue”.

O gesto de Jesus realizado na Última Ceia é o agradecimento extremo ao Pai pelo seu amor, pela sua misericórdia. “Agradecimento” em grego diz-se “eucaristia”. E por isso o Sacramentochama-se Eucaristia: é o supremo agradecimento ao 
Pai, que nos amou a tal ponto que nos deu o seu Filho por amor. Eis porque o termo Eucaristia resume todo aquele gesto, que é gesto de Deus e do homem ao mesmo tempo, gesto de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

Portanto, a celebração eucarística é muito mais do que um simples banquete: é precisamente o memorial da Páscoa de Jesus, 
o mistério central da salvação. «Memorial» não significa apenas uma recordação, uma mera recordação, mas quer dizer que de cada vez que nós celebramos este Sacramento participamos no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. A Eucaristia constitui o vértice da obra de salvação de Deus: com efeito, o Senhor Jesus, fazendo-se pão partido para nós, derrama sobre nós toda a sua misericórdia e o seu amor, a ponto de renovar o nosso coração, a nossa existência e o nosso próprio modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos. É por isso que, habitualmente, quando nos abeiramos deste Sacramento, se diz que se «recebe a Comunhão», que se «faz a Comunhão»: isto quer dizer que na força do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística nos conforma de modo único e profundo a Cristo, fazendo-nos saborear de antemão já agora a plena comunhão com o Pai que caracterizará o banquete celeste, onde com todos os Santos teremos a alegria de contemplar a Deus face a face.

Caros amigos, nunca agradeceremos o suficiente ao Senhor pelo dom que nos fez com a Eucaristia! É um dom imenso! É por isso que é tão importante ir à Missa ao Domingo. Ir à Missa não só para rezar, mas para receber a Comunhão, este pão que é 
o Corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa, nos une ao Pai. É belo fazer isto! E vamos à Missa todos os domingos porque é precisamente o dia da ressurreição do Senhor. É por isso que o domingo é tão importante para nós! E com a Eucaristia, precisamente, sentimos esta pertença à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Cristo, a Jesus Cristo. Nunca compreenderemos até ao fim todo o seu valor e riqueza. Peçamos-Lhe, então, que este Sacramento possa continuar a manter viva na 
Igreja a Sua presença e a plasmar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o coração do Pai. E isto faz-se durante toda a vida, mas começa a fazer-se no dia da primeira Comunhão. É importante que as crianças se preparem bem para a primeira Comunhão e que todas as crianças a façam, porque é o primeiro passo desta pertença forte a Jesus Cristo, a seguir ao Batismo e à Crisma». 
(Papa Francisco, Alocução na Audiência Geral de 5 de fevereiro de 2014)(De S.D. L. – Voz Portucalense)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Testemunhos Missionários Porto Covo: Um casal em Missão 


O que dizer da nossa participação, como elementos da equipa missionária, numa “Missão Popular Vicentina”? Equipa Missionária A equipa era composta por um sacerdote Vicentino, Pe. Agostinho, uma religiosa do Bom Pastor, Ir. Conceição e nós, como casal, Marieta e António, da paróquia de S. Domingos - Santiago do Cacém.

 A “Missão” realizou-se em Porto Covo de 19 de Janeiro a 02 de Fevereiro. Uma nova experiência A Missão do Porto Covo decorreu, na nossa modesta opinião, muito bem. Foi a primeira vez que participámos numa equipa de missionários. Procuramos desempenhar o melhor possível, com alegria e com boa vontade, esta nova experiência. Deste modo, como igreja que somos, respondemos e tentamos viver este desafio.
Numa localidade, como Porto Covo, com pouca população e em tempo de inverno muito rigoroso, a nossa participação, como casal e como equipa, foi muito positiva. Verificámos nos participantes uma grande satisfação, bem nítida e sentida nos seus testemunhos.

 Assembleias Familiares 
Constituíram-se três Assembleias Familiares (Farol, Laços de Amor e Renascer), com uma média de doze pessoas cada. Começaram com alguma timidez mas, aos poucos, foram-se compondo e, finalmente, com um bom resultado. Sabíamos que havia na localidade um grupo de pessoas activas na igreja. Já tínhamos conhecimento dessa realidade. Foram essas pessoas que aglutinaram a sua vizinhança. Essas pessoas dispensaram o alojamento para a equipa missionária e providenciaram as refeições, (óptimas refeições) para toda a equipa nas suas próprias casas, no refeitório escolar ou em restaurantes, durante todos os dias da missão. Esse grupo de pessoas colaborou na organização e deu a cara, sem qualquer acanhamento, em todos os momentos da missão.
 Organização e acção O Pe. Agostinho teve um papel muito empenhado, com muita capacidade de organização e de acção. Era ele sempre o último a deitar-se e o primeiro a levantar-se, sempre agarrado ao computador, em casa, e a organizar e a partilhar o programa do dia.
Todos os dias foi feito o programa, mas dois funerais, que em Porto Covo são velados na igreja, fizeram com que tivéssemos de o alterar por duas vezes. Soube dar a volta à situação, tendo contribuído para que todas as partes, missão e familiares dos defuntos, acolhessem com satisfação o que foi proposto e, deste modo, também participassem na Missão.

 Aprofundar juntos a nossa fé, os nossos valores 
Para nós, foi importante participarmos como casal. Pudemos aprofundar juntos a nossa fé, os nossos valores. Tivemos de superar as nossas dificuldades individuais para ir ao encontro, do todo, quer da equipa quer da comunidade local. Ao vermos as pessoas felizes fomos contagiados pela sua alegria. Saímos da Missão mais enriquecidos, não só individualmente mas também como casal, como família alargada que vimos crescer nestes dias. Sentimo-nos mais Igreja.
(Marieta e António, casal em Missão)



 Experiência maravilhosa 

 No dia 16 de Novembro de 2013, fui convidada pelo Pe. Agostinho para fazer parte da equipa missionária em Porto Covo, que decorreu de 19 de Janeiro a 02 de Fevereiro de 2014.
Primeiro hesitei, por me parecer que pouco ou nada podia fazer, dada a minha idade e limitações. Apesar disso decidi arriscar e aceitei. E não estou arrependida. Foi uma experiência maravilhosa, pela oportunidade que tive de conhecer outros irmãos na Fé! Pela primeira vez participei numa actividade destas. A minha Comunidade Religiosa, rezou por mim, e deixou-me partir em paz. Por isso, digo a todos: não tenham medo. Digam sim quando baterem à vossa porta. Temos de dar a nossa quota-parte, por pequena que seja. O reino de Deus constrói-se com coisas pequenas.

 Assumir e continuar a Missão 
Fiquei contente de ver, nesta Missão, a presença do Pároco, Pe. José Pereira. Quero agradecer ao Pe. Agostinho a sua generosidade e dizer-lhe o meu muito obrigado pela sua bondade e delicadeza. Também quero agradecer ao casal Marieta e António Vilhena todo o carinho e atenções que tiveram comigo. Às pessoas de Porto Covo que nos acolheram com tanta simpatia e carinho, que cuidaram do nosso alojamento e alimentação. Pelo sacrifício que isso representou para todos, muito obrigada. Povo de Deus em marcha, estamos em Sínodo Diocesano! Que no Senhor Jesus e Sua Mãe Maria Santíssima encontrem sempre a força de continuar o que assumiram nesta Missão Popular. Que tudo isso possa contribuir para que o Reino de Deus se estenda a todos. Seja Deus louvado em tudo e sempre. Amén! (Ir. Conceição Guimarães, Irmãs do Bom Pastor-Colos)


O Farol fez renascer e criar laços de Amor


De 19 de Janeiro a 2 de Fevereiro, na Paróquia de Nossa Senhora da Soledade de Porto Covo viveu um tempo forte de Missão. No domingo, dia 26 de Janeiro, na Eucaristia dominical, aconteceu a Comunidade das comunidades. Presidiu à celebração D. António Vitalino, bispo de Beja que, nessa manhã, em Sines presidiu à celebração evocativa do bicentenário do Bispo de Beja D. Frei Manuel do Cenáculo.
Depois de 4 noites a reunir em 3 casas de família, chegou o momento das comunidades darem testemunho do que viveram e como querem continuar a pós-Missão. Uma a uma, as comunidades fizeram a sua apresentação a partir do cartaz que construíram. Após o testemunho de cada uma delas, a assembleia aplaudia e cantava. Farol, Laços de Amor e Renascer é o nome de baptismo de cada uma delas. A mensagem expressa nas palavras de cada um dos animadores foi resumida numa simples mas significativa quadra:
“Na Missão, Cristo, o FAROL / Passou no mar de Porto Covo: / Criou LAÇOS DE AMOR, / E fez RENASCER o povo”.


Animar e formar para a Missão

A partir do que viu e ouviu e da liturgia da Palavra que foi proclamada, o Bispo diocesano, transmitiu a alegria de poder testemunhar esta vivência de comunidade e de missão. Servindo-se do lema da Semana de Oração pela unidade dos Cristãos (Estará Cristo dividido?), apontou Cristo como o único farol a seguir, de modo a que sejam criados laços de amor. Tal modo de ser e agir, exige conversão, renascer de novo. “Sem identificação do que fazemos com o que somos, sem ardor apostólico, compromisso pelos outros, sobretudo os que mais precisam, sem fascínio e alegria pessoal e comunitária, não seremos testemunhas do Evangelho de Jesus Cristo”.
Apontando a figura, palavras e exemplo do Papa Francisco, D. António disse: “O Papa, exorta-nos a sermos uma Igreja em saída missionária, que vai às periferias urbanas e existenciais, ao encontro das pessoas, sobretudo dos pobres, dos doentes, dos jovens e dos idosos. Mas com que atitude, com que linguagem e objectivos saímos ao encontro das pessoas? Como evangelizar hoje? Como e onde começar? A evangelização tem de começar por nós mesmos, pelos que são chamados a ser discípulos missionários. A conversão, a adesão total a Jesus Cristo, a aprendizagem dos seus gestos, atitudes, modo de falar e agir, é fundamental para a missão da Igreja. Por isso temos que fixar o nosso olhar no rosto de Jesus, ouvir e meditar a sua Palavra, sermos seus bons discípulos. Não basta saber de cor o que Jesus disse e fez. Precisamos de assumir as suas atitudes. Ter um coração sensível e compassivo, para escutar bem as alegrias, dúvidas, angústias e tristezas dos nossos contemporâneos, para respondermos às perguntas que nos fazem ou desejariam saber”. E acrescentou: “Na Igreja precisamos de reaprender a escutar, comunicar, dialogar, partilhar, perdoar, reconciliar pessoas e ambientes, construir e reconstruir. Abrir a mente e o coração, para acolher e criar proximidade com Jesus, na sua mensagem e na pessoa dos que sofrem, dar-nos-á novamente a alegria de viver e agir na Igreja e no mundo”.


Encontro de Formação e encontros celebrativos
Em tempo de Missão já se tornou uma constante promover Encontros de Formação sobre diversos temas e destinados aos Animadores da Comunidade. Em Porto Covo, o Encontro foi orientado pelo Vigário Geral da diocese, o tema foi: “Iluminados pela Palavra” e foi participado por 3 dezenas de pessoas.
Ao longo da primeira semana foram possíveis encontros com doentes, com os utentes do Centro de Dia, com as crianças da escola e da catequese. Alguns desses momentos, repetiram-se na segunda semana.
Na igreja paroquial, ao longo das várias noites, com tempo agreste (chuva, vento e frio), viveram-se momentos celebrativos muito intensos e muito profundos. Valorizaram-se alguns sinais – Palavra – Luz – Água – Fogo – Aliança. Estes sinais e a sua encenação, emprestaram beleza à celebração e ajudaram a transmitir e a compreender a mensagem. 
A oração de louvor, rezada todos os dias, congregava cerca de uma vintena de pessoas que, procuraram saborear ao máximo estes momentos, uma vez que, por norma, a igreja (“a fonte da aldeia”, no dizer de João XXIII) se encontra fechada.
Além destes momentos também se procurou valorizar a presença da Imagem da Senhora das Missões. No sábado, dia 25, a Procissão de Velas percorreu as ruas principais da povoação e foi animada pela Banda de Música do Cercal que fez questão de, em todas as execuções, apresentar cânticos marianos. Foram belos momentos de arte musical que convidaram à oração. Momento belo e único foi o silêncio que se fez escutar, enquanto a imagem da Senhora se aproximava do mar.


Momentos de dor tornaram-se tempo de missão
Por agora, Porto Covo não tem capela mortuária. Sempre que morre alguém, o velório é na igreja. A Junta de freguesia está decidida a alterar esta situação e já decidiu construir uma capela mortuária. O projecto está feito e as obras começaram recentemente.
Durante a missão houve dois funerais, ambos na segunda semana. Duas irmãs, partiram para a Casa do Pai. Com diálogo, serenidade e agilidade, estas duas situações tornaram-se tempo de missão. Numa delas, envolvendo a família da defunta, fez-se a celebração que estava programada. Foi um momento de paz, de oração e reflexão. Houve muito mais participantes. Todos se sentiram irmanados na dor e mais fortes no amor, porque iluminados pela mesma fé.
A segunda situação, porque aconteceu no dia da festa da família, exigiu que se fizesse a celebração num outro local. Transformar o lugar, dar a tónica do sagrado, empenhou as pessoas e serviu para ilustrar de uma forma visível o valor da casa de família, da igreja doméstica. Deus serviu-se destes sinais e momentos para continuar a falar ao seu povo.


Encerramento e continuidade
Em dia da Apresentação do Senhor fez-se o encerramento deste tempo forte da Missão. Além da mensagem recebida pela fidelidade de José e Maria ao plano de Deus, consagrando o Menino no Templo, foi realçada a profecia de Simeão: “Uma espada te trespassará o coração”. Sendo patrona da paróquia Nossa Senhora da Soledade, este dizer de Simeão ajudou a entender a Missão de Maria, desde o Sim da Anunciação ao Sim do Calvário.
No momento de acção de graças foi entregue o guião das catequeses que as 3 Comunidades vão reflectir a partir do dia 26 deste mês. No final da Eucaristia, no Refeitório da Junta houve um lanche ajantarado, partilhado por todos os que participaram nestes quinze dias de Missão. A alegria estava estampada no rosto das pessoas que fizeram uma avaliação muito positiva da missão. Além do compromisso da reunião das comunidades, foram apontados mais alguns que poderão ser assumidos e tornar visíveis os frutos da missão. 
O primeiro deles é já no próximo domingo, quando Porto Covo levar a imagem da Senhora das Missões a Ermidas-Sado / Alvalade que entram em revitalização da Missão.
Ser agradecido faz parte da Missão. Agradecer a Deus esteve sempre na mente da equipa e das pessoas que participaram de forma efectiva e afectiva. Agradecer às instituições (escola, junta, cantina, biblioteca, centro de dia, banda, bombeiros e GNR) é justo; agradecer, a quem nos acolheu (disponibilidade de casa e mesa, famílias e restaurantes), é muito importante. A todos, Deus recompense com Sua bênção de Pai!
A semente foi lançada. Cristo, o Farol, passou no mar de Porto Covo e chamou!...

P. Agostinho Sousa,
CDM/Beja



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

ACTUALIZAÇÃO DO CLERO DAS DIOCESES DO SUL 

Evangelizar num mundo em mudança 

       O clero das Dioceses de Évora, Beja e Algarve, reunido no Hotel Júpiter, Praia da Rocha, Portimão, nas Jornadas de Actualização do Clero, promovidas pelo Instituto Superior de Teologia de Évora, nos dias 27 a 30 de Janeiro de 2014, subordinadas ao Tema:

Evangelizar num mundo em mudança, em ambiente de recolhimento, estudo e convívio, com a colaboração de vários especialistas, partilham as seguintes conclusões: 

1. Vivemos num país onde cerca de 80% da população se considera católica mas onde tem crescido o fenómeno da desfiliação religiosa que conduz a uma situação de “não pertença” abrangendo crentes e não crentes. Há, ao mesmo tempo, uma erosão da identidade católica e a privatização da fé, que conduz à falta de impacto da fé católica no tecido social, devida, em grande parte ao fenómeno da mobilidade e à dificuldade que os que professam a fé católica sentem em se afirmar, depois que a fé deixou de se transmitir por reprodução familiar e as estruturas de enraizamento sofreram alterações.

 2. A sociedade urbana, pós-industrial, criou novos quadros de sociabilidade caracterizados por relações mais baseadas nas escolhas pessoais, na autonomização e pluralização, e não tanto na família ou no lugar. As trajectórias de vida e os itinerários são hoje mais pessoais e a presença da Igreja tem que ter em conta esta diferenciação.

3. A mudança que está a acontecer indica-nos que há algo de que nos estamos a despedir e algo de novo que está a começar. Apesar de não sabermos ainda qual é este novo, devemos procurar saber para onde queremos caminhar. Há critérios de pertença à Igreja que poderão ser questionados face aos critérios do Reino de Deus instaurado por Jesus; há que respeitar a liberdade das pessoas com quem Deus pode fazer caminho; abrir-se à pluralidade e reconhecer diferentes itinerários pessoais. Uma pastoral de mera conservação ou simplesmente apologética opõe-se à necessária regeneração e criatividade que as mudanças actuais exigem.

4. Entre as novas formas de Evangelização, os participantes puderam contactar com o dinamismo dos cursos Alpha e das comunidades Neo-Catecumenais. Os primeiros não têm grande representação nas nossas dioceses, enquanto o Caminho Neo-Catecumenal está presente em várias paróquias das Dioceses do Sul. A partilha de experiências e o facto de ter sido instituído, na Diocese de Évora, um Seminário Redemptoris Mater para a missão “ad gentes”, demonstram que a fé vivida nestas comunidades é um sinal de que a Boa Nova de Jesus dá resposta às inquietações de um bom número de famílias que se dispõem a viver segundo o estilo de vida que lhe é proposto.

 5. A mudança epocal pode significar o fim de um certo tipo de cristianismo, mas não do cristianismo. O tempo actual é um tempo favorável para o anúncio do Evangelho. Há qualquer coisa que está a germinar e que nos convida a recomeçar face à afirmação da autonomia, da historicidade, da liberdade, da secularização, dos avanços da ciência e da técnica. No campo da fé cristã, “tudo começou com uma experiência” (E. Schillebeeckx) e, por isso, esta história precisa de ser narrada repensando, sentindo e reconstruindo. Não nos conformamos com o “sempre se tem feito assim” mas queremos ser audazes e criativos.
(Sara Rodrigues, escritora de Évora)
6. “A aceitação do primeiro anúncio, que convida a deixar-se amar por Deus e a amá- -Lo com o amor que Ele próprio nos comunica, provoca na vida das pessoas e nas suas acções uma primeira e fundamental reacção: desejar, procurar e levar a peito o bem dos outros” (EG 178). Na Evangelização é necessário apaixonar-se pelo humano, por tudo o que se passa na vida das pessoas, com o olhar de Deus. Reconhecemos que o Espírito de Jesus habita em cada coração humano e a “humanização” é o melhor terreno para conciliar a fé e a vida, a cultura e o Evangelho. Não podemos esquecer que o cristianismo é “encarnação”.